quarta-feira, 8 de março de 2023

lavadeiras no Rio Beberibe em Peixinhos em 1927. As Lavadeiras vinham de outros bairros lavar as roupas das patroas, e até havia quem alugasse bancas para elas lavarem as roupas em pé. Algumas enquanto ensaboavam suas roupas, cantarolavam. Para tirarem a sujeira forte, metiam o cacete pra cima. Para alvejar, enrolava o sabão com ramas de melão São Caetano. Depois estendiam tudo na grama para quarar. Estava na hora do lanche. De lenço ou chapéu na cabeça, sentavam no pasto para comer sua carne de charque com farinha ou as bananas que adolescentes vinham vender em pequenos balaios. De volta do lanche, enxaguavam a roupa que já havia quarado. Ao final da tarde, os barqueiros se recolhiam. Na ponte de dois troncos de coqueiros, já não transitavam ninguém. Então, as lavadeiras se despiam e se atiravam no rio. Depois do banho, voltavam para casa com suas trouxas de roupas cheirosas e limpas, sem uso de água sanitária ou sabão em pó, pois não existiam. Antes de se tornar um rio poluído, o Beberibe era a diversão das crianças que viviam tomando banho nele. A toda hora entravam na água, nuas, para não gastar calção. Afogamentos? Ninguém recorda. Mas sempre nos recordamos da brisa gostosa que soprava, acompanhando o sol que não era tão quente. As águas do rio que passava por trás do matadouro recebiam o sangue que jorrava do abate do gado; do Curtume recebiam a água podre da curtição do couro. Mais tarde, a Fosforita ajudou a aumentar a poluição, ao jogar no rio a água que saía do tratamento do barro; a fábrica de papel, do bairro de Dois Unidos também despejava seus dejetos no Rio Beberibe. Texto do Livro: Peixinhos : um rio por onde navegam um povo e suas histórias. de Zuleide de Paula.

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