quinta-feira, 17 de maio de 2018

A Fábrica da Fosforita Olinda S/A.

Em 1953 começava-se a dizer que nas terras que pertenciam a Usina Catende havia um barro muito bom que continha muito Fosfato e servia de adubo já conhecido em outros países. E este barro viria a ser grande fonte de riqueza e bastante trabalho para o povo. 
Começava assim uma nova etapa em Peixinhos. Os donos da terra, Família Costa Azevedo, começaram a construir a fábrica, furar ou cavar poços em busca de fosfato. As casinhas a ser indenizadas pela quantia que o capataz achasse que merecia.
Iniciaram a indenização das casas pela antiga rua da Amizade, onde hoje fica um deposito na Avenida Presidente Kennedy, estabelecendo-se até as barreiras, onde hoje é o bairro de Aguazinha. E assim a cada semana casas iam ao chão e seus proprietários, com o pouco dinheiro na mão, ficavam sem saber para onde ir. 
Tratores e dragas enormes chegavam para as escavações. Crescia tão depressa a Fosforita, que assustava. Chegava gente de todas as cidades do interior e de outros estados, formando uma nova população e uma nova cultura, Os tratores trabalhavam o dia inteiro para melhorar o tráfego facilitando o transporte do fosfato para o cais do porto.
As meninas e moças já nem conseguiam estudar, para flertarem com os motoristas e tratoristas. E a Fosforita crescendo. 
Havia também o barração, onde os funcionários deixavam seus salários comprando gêneros alimentícios. No começo funcionava na Av. Dr Pernambuco, por trás da Escola Monsenhor Fabrício, depois cresceu muito sendo transferido para dentro da Fábrica. 
(Relato de Zuleide de Paula do Livro: Peixinhos Um Rio Por Onde Navegam Um Povo e Suas Histórias).

Um Segredo Bem Guardado. 

É de natureza das coisas velhas criar histórias, sugerir à imaginação popular alguma lenda de fantasmas ou tesouros escondidos.  No caso do Engenho da Ajuda, quantos não teriam escavado as ruínas atrás de uma veneranda arca de moedas, ouro em pó ou joias, levados por alguma história de preto velho, outrora escravo no bangüê.  
Poderia parecer incrédulos pura perda tempo andar à cata de tesouros nas terras de Jerônimo de Albuquerque, mas o interessante é que não estavam muito longe da verdade aqueles que ali buscaram a fortuna. Ela sempre esteve ao alcance de todos, guardada por milênios e milênios pela natureza, coisas de seus segredos, e que somente em 1950 permitiria revelar-se o mistério. 
                                          

A Descoberta 

Das lendas surgiu, porém, uma história real, que começou assim: o Engenheiro Paulo Duarte furava um poço de água mineral nos antigos terrenos abandonados do Engenho da Ajuda, Hoje Forno da Cal, quando a sonda de prospecção trouxe pedaços de uma matéria esbranquiçada; submetida a exame, revelou ser fosfato, argamassa de restos ósseos marinhos ali acumulados quando Pernambuco ainda era oceano, e há milhões de anos encobertos pela camada sedimentar que formou o litoral nordeste do país. 
Era uma descoberta muito importante para a economia brasileira, pois, até bem há pouco, pensava-se não existirem em nosso subsolo, especialmente o brasileiro, bastante pobre nesse minério.
Grande foi o entusiasmo com o que se lançou ao trabalho um grupo de homens - industriais e técnicos __,  para o levantamento completo da verdadeira extensão dos jazidas de Olinda. Após 3000 perfurações, e 60 mil metros de sondagens, o que exigiu três anos de trabalho intenso, constatou-se a presença de 50 milhões de toneladas de fosforita da melhor qualidade, com índices elevadíssimos de anidrido fosfórico. 
Assim foi singularmente revelado o tesouro do Engenho da Ajuda, enorme e importante riqueza para o futuro da nação. 

    (Fonte: Revista O Cruzeiro de 28 de Maio de 1960).



Fosforita Olinda S/A. Bairro de Peixinhos. 

Extração de Fosfato em Peixinhos Olinda.

Piscinão da Fosforita. 
Guindastes de Extração de Fosfato, Bairro de Peixinhos - Olinda. 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Construção da Capela de Nossa Senhora da Ajuda em 1957. 

CONSTRUÍDA EM DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA AJUDA, A PEDIDO DE DONA ANA DA COSTA AZEVEDO. 

Presidente Juscelino Kubitschek tocando no Fosfato 1957. 

Inauguração da Fábrica da Fosforita Olinda S/A. 

Em 1957 foi inaugurada oficialmente a Fosforita Olinda S/A.
Juscelino Kubitschek era o Presidente do País e veio acompanhado de sua comitiva para a festa de inauguração.  Até seu avião presidencial sobrevoou toda área da fábrica. A estrada de São Benedito era uma festa só. mesmo sem participar, o povo vibrava, pois ver de repente o Presidente do Brasil passar em um lugar tão simples era felicidade demais. Era progresso demais. Era o futuro chegando em Peixinhos.
Ficava assim conhecido nacional e internacionalmente como uma das maiores fontes de fosfato do mundo. 
Foi com a vinda da fosforita que iniciou-se a comemorar em Peixinhos o dia 1° de Maio dia do Trabalhador. quem promovia esta festa, que durava o dia inteiro, era a própria administração da fábrica. 
Havia fogos de artifícios, missa campal, jogos, brincadeiras tradicionais como corrida de saco, ovo na colher, cabo de guerra. Os torneios ciclísticos e de futebol, assim como as maratonas, também faziam parte desta festa. Ao entardecer, havia uma grande procissão em homenagem a São José, Padroeiro do Trabalhador. 
Festa de 1° de Maio na Antiga Estrada de São Benedito, Atual Avenida Presidente Kennedy no Bairro de Peixinhos em Olinda, Na Imagem o Trecho Atual na Proximidades do Caic Norma Coelho, Olinda 01 de Maio de 1960.

Foto: Júlio Vieira Barbosa.

Atrás da Procissão desfilavam os funcionários da fábrica, todos os carros e tratores, os tanarroques (tipo de trator muito grande), FÊNÊMÊS - FNM - uma marca de caminhão. As crianças e os jovens da cruzada de igreja também desfilavam. O roteiro dessa procissão, ia da Fosforita até Sitio Novo (Bairro Vizinho ao de Peixinhos), e voltava para o ponto de saída. 

Estação de Encruzilhada e o Matadouro de Peixinhos

À medida que a expansão urbana do Recife se processava no final do século XIX, a 
Encruzilhada de Belém (incorporando o primeiro nome dada importância dos diferentes 
trilhos que ali se cruzavam) se apresentava como centro de muita atividade, com estações 

tanto na Estrada do Rosarinho (hoje, Rua Dr. José Maria) como no largo, que também possuía 
comércio a retalho e uma feira permanente de frutas, verduras e carnes (Figura 01). Naquela localidade, havia um curral onde descarregavam os trens que vinham do interior do estado de Pernambuco, carregados de bovinos e suínos. Nesse curral, os animais passavam um certo tempo para a engorda e, depois, eram enviados para o Matadouro de Peixinhos através da Estrada de Belém.


sexta-feira, 11 de maio de 2018


Festa de 1° de Maio na Antiga Estrada de São Benedito, Atual Avenida Presidente Kennedy no Bairro de Peixinhos em Olinda, Na Imagem o Trecho Atual na Proximidades do Caic Norma Coelho, Olinda 01 de Maio de 1960.
Foto: Júlio Vieira Barbosa.


Igreja Matriz de Nossa Senhora D’ajuda ou 'da Ajuda', em imagem datada de 1967, hoje Matriz do Bairro de Peixinhos. Na fotografia ainda se possível observar antigos casebres típicos daquela localidade.

A devoção a Nossa Senhora D’ajuda, é bem mais antiga que a própria construção e estruturação deste Bairro e mesmo da própria Olinda, tendo origem no século XVI, exatamente no ano de 1535, quando as terras hoje pertencentes ao Bairro foram doadas como sesmaria a Dom Jerônimo de Albuquerque, Irmão de Dona Brites de Albuquerque Coelho, e assim cunhado do primeiro Donatário da Capitania, Dom Duarte Coelho, lembrando que a própria Olinda era apenas um arruado de casebres, ainda não declarada Vila neste período. 

Apenas na segunda metade do século XX, as terras do antigo Engenho D’ajuda, começaria a assistir intenso crescimento de população, primeiro ao redor do Matadouro fundado em em terras antes adquiridas pelo rico Henry Gibson em 1859, a partir de foro concedido pelo Município de Olinda. Apesar do Matadouro ter sido idealizado ainda em 1874, sua construção tivera início de fato, em 1912, sendo apenas inaugurado de fato, em 1919. Com o passar dos anos, um outro grande empreendimento transformaria de uma vez por todas a História do Bairro, naquele ano de 1953, descobre-se nas terras do atual Bairro de Peixinhos, terras estas antes pertencentes a Usina Catende, um barro muito rico em Fosfato, muito usado em adubo, este barro se tornaria fonte de desenvolvimento para os moradores daquela localidade. Logo os proprietários das terras, a família Costa e Azevedo iniciariam a construção de uma Usina de extração indenizando os moradores da área, na maioria das vezes por valores irrisórios, diante as riquezas que dali seriam extraídas.

No ano de 1957, oficialmente viria a ser inaugurada a fábrica da Fosforita S/A, numa festa que contara até mesmo com a presença do excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Juscelino Kubitschek juntamente com toda a sua comitiva de Ministros além de outras personalidades da política local e Nacional. Na década de 60 a Fosforita começou a fechar suas portas na mesma velocidade em que havia crescido a uma década atrás, e a medida da demissão de seus funcionários, muitos de seus poços de extração iam sendo aterrados, suas máquinas desaparecendo, e suas terras loteadas, surgia então um loteamento de residências dando início a um novo bairro planejado, o Jardim Brasil. Fora neste período, e para atender o grande número de fiéis que passariam a habitar aquela parte da cidade, que as atuais dependências da futura Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ajuda, ganhara seu atual formato, com características modernas e traços do estilo Art Decó tardio, mais tarde vindo a tornar-se sede de uma Paróquia sob a invocação de Nossa Senhora D’ajuda. 
Fonte de imagem: Recife e Olinda : registros do passado/Texto: Olinda de antigamente Por Helton Cesário.



O Perna-de-Pau Anunciava de Megafone na Mão Anunciava o Espetáculo: 

- Hoje Tem Espetáculo?
- Tem Sim Senhor! Respondia a Meninada.
- Às Seis Hora da Noite?
- Tem Sim, Senhor!

E o Perna-de-Pau Cantava: 

Ô Raia o Sol se Esconde a Lua 
Olha o Palhaço no Meio da Rua 
Tombei, Tombei, Mandei Tombar 
Estrela Miúda no Meio do Mar, 
Respondia a Gurizada.

Assubi Pelo Pau, Desci Pela Rama 
Menina Bonita Não Mija na Cama 
Andorinha, Andorinha no Meu Chapéu
Mulé Buchuda Num Vai Pro Céu.

E o Palhaço o que É? 
Ladrão de Mulé.

Hoje Tem Espetáculo? 
Tem Sim, Senhor!
Com Malabarista, Trapezistas, Teatro,
A Mulher que Vira Macaco, O Mágico?
Tem Sim, Senhor!

Foto: Alexandre Berzin - Recife 1940/ Acervo do Museu da Cidade do Recife.
   
Texto Extraído do Livro: Peixinhos : um rio por onde navegam um povo e suas histórias. de Zuleide de Paula.

ANTIGO MATADOURO MUNICIPAL DE PEIXINHOS

 O matadouro Modelo do Recife, talvez o melhor do Brasil, acha-se situado no Valle do Beberibe no lugar denominado Peixinhos que foi cedido pelo Município de Olinda ao Recife, a 4 kilometros do mar, e foi inaugurado a 19 de Novembro de 1919.
    Para dar acesso ao local foi construída uma estrada com 1.100m. de extensão sobre o pântano de Olinda, em prolongamento da rua de Sant’Anna, em Campo Grande, aterro sobre o mangue que consumiu 8.000 m. Cúbicos de terra. O rio Beberibe foi atravessado por uma ponte de cimento armado de 8 m. de vão.
         0 primeiro passo para fundação desse Matadouro foi dado pelo Dr. Archimedes de Oliveira, quando prefeito do Município do Recife, lavrando em 1911. Um contrato com o engenheiro Dr.J.J. de Almeida Pernambuco por 300 contos afim de ser construído um estabelecimento de pequenas proporções. A esse projeto succedeu um substitutivo lavrado em Fevereiro de 1911  elevando o orçamento para 1995 Contos.
O inicio dos trabalhos teve lugar em Dezembro de 1912, mas não podendo este ser terminados dentro do prazo de três anos do contrato, o prefeito de então Dr. Moraes Rego resolveu rescindi-lo e, depois do parecer de uma commissão de arbitragem composta dos Drs. Saturnino de Brito, Correia de Brito e Mario Neves, liquidou com o Dr. Pernambuco, amigavelmente, entregando-lhe a quantia de 447:000$000 e tomando, em setembro de 1917, conta dos serviços.
     Não tendo aparecido quem, em concorrência publica, se quisesse encarregar das obras, recomeçaram os trabalhos administrativamente em julho de 1919 até o final da conclusão.
O Matadouro pode abater durante um dia 300 rezes, numero que poderá duplicar se for preciso trabalhar a noite, pois há uma completa instalação electrica, com potencia de 40 kilowatts.
       A camara frigorifica tem capacidade para 700 rezes, existindo ante-câmaras que podem receber a carne de 500 cabras, ovelhas ou suínos.
     Todo o edifício se compõe de: pavilhão da diretoria com espaçosos cômodos para residência do diretor e do chefe veterinário; ala de circulação que comunica as salas de matança com as de frigorificação, com 86 m. de comprimento, 15 de largura e 14 de altura: Ala de Matança de Gado graúdo, com uma área de 45X20 m, com ótimo serviço de esgoto. Instalação de reservatórios de água quente e fria, ala de matança de gado miúdo com 20x18, com perfeita aparelhagem de caldeiras para escaldar depiladores etc..., instalações frigorificas; secção sanitária com instalações para a matança, exame e autópsia de gado suspeito, oficina de limpeza; Sala para preparo de fissuras, salsicharia, forno crematório, etc.
  O valor atual do Matadouro é aproximadamente de cinco mil conto e vem prestando os melhores serviços a população do Recife.

(Foto; Revista Excelsior/Acervo Biblioteca Nacional)